segunda-feira, 16 de junho de 2008

Zero Hora - Projeto que prevê a proibição da circulação dos veículos volta hoje à pauta

Renda é obstáculo a projeto das carroças
Um carroceiro ganha o dobro dos trabalhadores de galpões de reciclagem

A renda superior é o principal entrave que vereadores e a prefeitura da Capital precisam superar para emplacar o projeto de lei que prevê a retirada de circulação dos veículos de tração animal, num prazo de oito anos. Envolta em polêmica, a proposta, que não chegou a ser votada por falta de quórum na quinta-feira, volta a ser discutida na tarde de hoje, na Câmara Municipal.

Opresidente da Associação dos Carroceiros da Grande Porto Alegre (Ascarpoa), Teófilo Motta Júnior, aponta que o catador ganha em média entre R$ 800 e R$ 900 por mês, valor que não conseguiria atingir se tivesse de trabalhar nas unidades de reciclagem.

- Na triagem, não passa de R$ 450. Não podemos concordar com um projeto que quer acabar com o nosso sustento - reclama.

O autor do projeto, vereador Sebastião Melo (PMDB), aponta que, das 200 toneladas diárias de material recolhido na Capital, metade vai para as mãos dos 8 mil carroceiros. A proposta, que estabelece os locais onde os veículos poderão transitar, encaminha para a prefeitura a criação de políticas para criar mercado de trabalho às pessoas que perderão o seu sustento.

- A exclusão social é clara, mas não podemos deixar a cidade sem regras e virar um pandemônio. Temos o desafio de regular o lixo, melhorar o trânsito e resolver a questão deles. A responsabilidade é do Executivo - indicou.

O diretor da Divisão de Projetos Sociais do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Jairo Armando dos Santos, reconhece que os catadores têm uma renda maior, mas destaca que os trabalhadores da unidades de reciclagem têm outros benefícios, como emprego formal e melhor acesso à educação e à saúde. Ele sustenta que a prefeitura trabalha num projeto, à espera de parceiros, para atender os catadores, criando grandes centros de reciclagem, capazes de triar maior quantidade de material:

- Porto Alegre só tem esse número de carroceiros porque há mais de 15 anos tem coleta seletiva. O material já vem pronto, não precisa abrir lixo.

Segunda tentativa
- Prevista para ser votada quinta-feira, a discussão sobre extinção gradativa das carroças não foi concluída, por falta de quórum. Representantes dos carroceiros e de entidades de defesa dos animais lotaram a Câmara (acima)

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