segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ricardo Orlandini - Porto Alegre, a Capital das carroças

Quando eu era mais jovem, quase que todos os dias ouvia falar de uma notícia envolvendo uma senhora chamada Palmira Gobbi Dias, mais conhecida como Dona Palmira.

Ela fundou e presidiu a Associação Riograndense de Proteção aos Animais (Arpa). Sendo uma das pioneiras, ou quem sabe até a pioneira, na proteção aos animais abandonados nas ruas de Porto Alegre.

Numa época em que lutar por qualquer causa poderia ser confundida com subversão, Dona Palmira não se entregava a ninguém, literalmente "botando a boca" em quem quer que fosse quando se tratasse de proteção aos animais.

Não desmerecendo ninguém, sinto falta da Dona Palmira.

Primeiro porque teríamos uma Porto Alegre melhor para os animais. Em segundo lugar, certamente nossa Capital não seria conhecida como a “Capital Nacional das Carroças”.

A cada dia que passa assistimos as ruas de nossa cidade serem tomadas por mais e mais carroças. Se num passado recente elas até emplacadas eram, hoje nem placa, nem nada. Surgem toda hora de todos os lados.

Pessoas, e principalmente crianças e adolescentes, conduzem sem nenhuma habilitação e respeito às leis, estes veículos que prejudicam ainda mais o nosso já caótico trânsito. Sem contar no sofrimento dos cavalos.

O que assistimos é fruto de uma quase total falta de planejamento urbano, que associado ao ingresso de milhares de novos veículos nas ruas, deu no que deu.

É bem verdade que este "apocalipse no trânsito" não atinge só Porto Alegre. Outras capitais e regiões metropolitanas, que não se prepararam para esta expansão, sofrem do mesmo caos.

É mais que oportuno um projeto do atual presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Sebastião Melo (PMDB), que propõe a criação de um “Programa de Redução Gradativa do Número de Veículos de Tração Animal”.

O vereador não propõe a simples eliminação das carroças, mas sim ações e projetos que possibilitem que os carroceiros ingressem em outros mercados de trabalho, como o da reciclagem de resíduos sólidos, assim como utilização e financiamento de veículos movidos por combustíveis não poluentes.

Isto é o que todos queremos. O que falta para acontecer?

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